quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Frustração


Desculpem o post, mas será um cansativo (e longo) desabafo. Eu ainda deixei para fazê-lo no final da tarde, depois de dormir (como uma boa à toa), refletir, me acalmar, pois se eu o fizesse assim que cheguei do trabalho hoje, a coisa teria sido muito mais intensa.

Da minha parte, acredito que não tenho perfil para trabalhar em PSF, pois o grau de intimidade com o paciente e sua família é grande demais para uma pessoa com o meu estilo. Hospital ou clínica são diferentes, nós tratamos o paciente e não o paciente, sua família, sua casa, seu cachorro, e assim por diante.

Mas mesmo assim me adaptei e ninguém percebe minha dificuldade sobrehumana para tal, só que tem sido fisicamente esgotante, mentalmente cansativo, emocionalmente frustrante. "Energeticamente desenergizante", sim, pois agora eu acredito em vampirização da energia alheia (Nana, isso é um fato!). Claro que eu tenho culpa no processo, mas as circunstâncias não estão fáceis.

Eu sou e sempre fui comprometida, extremamente humanizada (profissionalmente falando rsrsr), estudo, faço tudo o que posso pelo paciente - pois sou egoísta a ponto de querer colocar minha cabeça no travesseiro e saber que fiz o máximo que pude dentro das situações apresentadas, sem culpa - resumo: tento ser uma boa profissional de saúde.

Porém, e quando nos dedicamos e não temos retorno? Nenhum! Até mesmo da maioria dos pacientes? Lutamos pela melhora quando nem mesmo a pessoa "está ai"! Corro atrás de soluções quando ninguém quer suas resoluções! Brigo por causas que estão perdidas pois não são relevantes prá mais ninguém, nem para a equipe, nem para os familiares e nem para a própria pessoa!

Olha, não sei, mas todos esses fatores externos acabam nos criando amarras que tiram nossa garra, fazem com que fique cada vez mais difícil a manutenção da postura adequada, da força para agir. Desestimula. (Nem vou me ater à questão "remunerativa", ok?) Como se estimular se o ambiente não propicia? Eu respondo: com mais gasto energético... e vambora, uma hora a coisa acerta. Tem que acertar.

Hum, o desgate físico tb é uma coisa medonha! Meu mundo por uma maca é o meu atual lema! Fora os materiais que não temos... condições péssimas! MAS, nem isso eu posso falar, pois escuto coisas do tipo "Vc não escolheu isso?" " É só ser criativo!" "Se os outros fazem vc tem que fazer", tudo desculpas! Pois, os mesmos fisioterapeutas que falam isso são os que comentam que não aguentam mais dez anos de profissão, por causa da coluna, por causa do desgaste, que vão mudar de profissão... blá blá blá!

Eu penso assim, escolhemos? Sim, mas nem por isso tenho que me sujeitar a tudo, temos que querer sempre aprimorar! Temos SIM que lutar por condições melhores, para o nosso bem, para o bem da profissão (kd a valorização???) e, principalmente, pelo o bem dos pacientes!

6 comentários:

Unknown disse...

Entendo sua frustação e assino embaixo...esta cada vez mais difícil ser fisioterapeuta, até qd vamos passar por td isso e qd as coisas finalmente vão melhorar? Estou desanimada, frustada e principalmente cansada e olha q ainda não temos um ano de formadas. Q Deus nos ajude a seguir adiante.
Bjnhuuuus

Diana Bitten disse...

É, minha preocupação foi exatamente esta: tenho muito pouco tempo de formada para estar frustrada.

Fico pensando que para termos alguma alteração no quadro teremos que ter uma postura um pouco mais incisiva, entrarmos na política, sindicatos, conselhos, não sei... mas algo deverá ser feito.

Comecemos pelas nossas atitudes, tentando levantar a moral da profissão aos olhos dos nossos pacientes.

Laura disse...

Conhecendo você, entendo o que você está falando em relação a dificuldade de "tocar" as pessoas e como é difícil fazer o trabalho que está fazendo agora. Mas acho sim esse contato com os pacientes que você está sendo forçada a ter muito bom pra você.

Em relação a frustração profissional acho que faz parte de quase todos os recém formados ao encarar a realidade salarial e infra-estrutural do Brasil. Mas acho que se está fazendo o que você gosta, tem então que lutar pra melhores condições de trabalho sim, e respeitando a si mesma profissionalmente já é um grande passo pra isso.

Essas preocupações e estresses fazem parte da vida, não deixe que nada nem ninguém afete o que você mesma pensa da sua vida, ok?

Diana Bitten disse...

Laura:

Não é nem a questão do "toque" (profissionalmente eu sou muito diferente srsrsrs), e sim da intimidade como um todo - nós entramos na vvida da pessoa, seu meio sócio-econômico, além do "biológico".

É Laura, está correta, não podemos desanimar...

Anônimo disse...

Diana, falamos de coisas "profissionais" hj, sabe minha opinião, mas como disse tbm, nunca deixe abater-se, e mantenha-se firme, e se surgir novas oportunidades parte pra cima... tudo tem um sentido um porém, o caminho a seguir vai sempre alterando, o que podemos fazer é torcer pra sempre pegar o caminho liso, onde podemos andar descalços, mas infelizmente, ainda pisamos em muitas pedras, pra finalmente poder ficar em paz..

Relaxaaa rsrs (chato)

beijo

Diana Bitten disse...

Para Fellipe:

"se surgir novas oportunidades parte pra cima..."

É, acho que esse é o espírito, não é?